terça-feira, 22 de dezembro de 2009

GREGO KOINÉ E GREGO CLÁSSICO

O grego koiné era a língua falada pelos bárbaros do império romano, era uma mistura do grego clássico com influencia das línguas dos povos sob o domínio romano. O Novo Testamento foi escrito por homens simples e por isso ele carrega as peculiaridades destes homens de Deus que em geral eram homens simples, com excessão do livro do Lucas. O gramático Antônio Freire, S.J. em sua Gramática Grega aprofunda este tema dizendo:

“Todos os livros do Novo Testamento ( Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Epístolas, e Apocalipse ), à exceção do Evangelho de S. Mateus, foram redigidos primeiramente em grego.

O grego bíblico, porém, difere em muitas particularidades do grego clássico.
Com a expansão da civilização helênica pelo mundo oriental, a língua grega difundiu-se tão
universalmente através dos povos conquistados, que veio a chamar-se língua comum ou koinh _ (dia_llektoV_).

A koinh_ era um idioma eclético ( vinda de várias fontes ), proveniente da fusão dos vários dialetos. Predominava, contudo, o dialeto Ático.

Os livros do Novo Testamento foram escritos não na koinh_ erudita usada pelos escritores aticistas, como Plutarco e Luciano, mas na koinh _ popular, bastante diferente da primeira.

Distingue-se, no uso e seleção das palavras, S. Lucas e S. Paulo. As obras de maior perfeição estilística são a “Epístola aos Hebreus” e a “Epístola de S. Tiago; as que mais se afastam da pureza de linguagem são o Evangelho de S. Marcos e as obras de S. João, sobretudo o Apocalipse.

a. É freqüente o emprego do genitivo qualificativo em vez de adjetivo, sobretudo com ui_o_V (filho ) ou te_kknon ( criança, filho ). Exs.
o_ krith_V th_V _adiki_aaV ( Lc 18:6 ), O juiz injusto.
ui_o_V e_irh_nnhV ( Lc 10:6 ), Filho da paz ( = pacífico ).
ui_o_i tou_ ai_w_nnoV tou_tto ( Lc 18:6 ), os mundanos.
ui_ooi_ tou_ fwto_V ( Jo 12:36 ) Filhos do leito nupcial, isto é, amigos do noivo.

b. Também é freqüente exprimir o predicativo ( do sujeito ou do objeto direto ) pelo acusativo precedido de e_iV. Exs.:
__e_ssomai _umi_n e_iV pate_rra kai_ _umeiV _esesqe_ moi ei_V ui_o_V ( II Co 6:18 ). Serei vosso pai e vós sereis meus filhos.
_eiV profh_tthn _auto_n e_i_ccon ( Mt 21:46 ), Tinham-no como profeta.

c. Encontra-se, por vezes, o positivo em vez do comparativo ou superlativo. Exs.:
kalo_n _esti_n se e_iselqei_n e_iV th_n zwh_n cwlo_nn, _h _ tou__ duo_o po_ddaV _ec_cconta blhqh_nnai e_i_
ge_eennan ( Mc 9:45 ), Mais vale entrares coxo na vida ( eterna ), do que seres lançado para a geena com ambos os pés.

d. Repetição do substantivo para exprimir totalidade ou plenitude. Exs.:
e_iV tou_V a_iw_nnaV tw_n a_iw nnwn ( Ap 1:6 ), Pelos séculos dos séculos.

e._ei__VV, mi_aa, e_n, um, usado em vez de prw_ttoV, h, on, primeiro, principalmente para indicar o primeiro dia da semana. Ex.:
_en mia_ tw_n sabba_ttwn ( Mt 28:1 ), No primeiro dia da semana.
Obs. Note-se, de passagem, o emprego de ei__V em vez de tiV, com sentido equivalente ao nosso artigo indefinido um. Ex.: ei__V grammateu_VV, um escriba.

f. É freqüente, sobretudo em S. Lucas, o emprego de _egen_nneto, sucedeu ( sune_bbh ), com indicativo em vez de infinitivo. Ex.:
kai_ _ege_nneto _h_llqon peritemei_n to_ paidi_oon ( Lc 1:59 ), E aconteceu que foram circuncidar o menino.

g. kai_, além do sentido de partícula copulativa ( e ), traduz, por vezes, a idéia de ‘retorno’ (então, em conseqüência ). Ex.:
e_i ui_o_V e_i_ Qeou_ kai_ kata_bbhqi _apo_ tou _ straurou_ ( Mt 27:40 ), Se és Filho de Deus, desce então da cruz.

h. A conjunção e_i ( no clássico: se ) usa-se, muitas vezes, como interrogativa direta. Ex.:
e_i pata_xxomen _en macai_rra; ( Lc 22:49 ), feriremos com a espada?_”





B. P. Bittencourt aprofunda a discussão sobre a simplificação do grego koiné em comparação ao grego clássico dizendo:

“Talvez o termo que abrange a área mais extensa na Koinê é a ‘simplificação’. Sentenças simples e curtas ( note o estudante como é rebuscado e relativamente longo o prólogo de Lucas de tendência clássica ) que suplantavam a complexidade da sintaxe clássica. A glória do Ático era a riqueza de conexões destinadas expressar as mais delicadas nuanças do pensamento nas relações das cláusulas. O mercador da praça de Alexandria ou o soldado romano estacionado na Síria não possuíam essa habilidade.

É a diferença entre a especulação de Platão e a linguagem simples de um homem falando de um barco no mar da Galiléia; e deste, falando do barco e do campo, passa-se a outro que se endereçava ao povo na praça do mercado das cidades grandes.

As cláusulas subordinadas cedem lugar às coordenadas e a conjunção_kai_ ( e ) é eleita.Dentre mais de uma dúzia de meios usados pelos clássicos para expressar propósito, a Koinê escolhe i__nna ( afim de que ) com o subjuntivo.

Enquanto os clássicos possuíam mais de cem flexões verbais, a Koinê as reduzia, eliminando de vez o dual e quase liquidando o optativo, que aparece apenas 67 vezes no Novo Testamento. A comparação entre o Português analítico e o Inglês sintético ilustra: O verbo desejar possui dezenas de formas em Português, e, em Inglês, há só três: desire, desires, desired.

A Koinê usa o presente histórico nas narrativas; o presente é usado para o futuro; o perfeito no sentido de presente. Prefere os superlativos aos comparativos. Há uma constante luta para uma ênfase que às vezes é falsa, com expressões como: “exatamente o mesmo”, “para todos e para cada um” etc.

A Koinê usava muito o pronome como sujeito de verbos que não o pediam, o que indica, na simplificação de um estilo, a luta pela ênfase, que incluía, também, maior uso do diminutivo.

A principal influência era sintática e não morfológica. Um só exemplo bastaria com a
referência às cláusulas coordenadas com kai_ .Neste ponto vale a menção das influências semíticas oriundas das fontes veterotestamentárias do aramaico ou dos documentos que formam atrás da versão grega da Septuaginta, muito usada pelos autores do Novo Testamento.”

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

NESTLE X RECEPTUS




A tradução da Bíblia traz bastantes problemas de ordem textual, principalmente sobre qual os manuscritos que devem ser usados como base para a tradução para outro idioma, pois entre os manuscritos antigos existem algumas diferenças no textos com algumas supressões, alterações e acréscimos.






Os textos foram divididos e classificados em dois grandes grupos, os manuscritos datados posterior ao século sexto , que passaram a ser designados com RECEPTUS, e os manuscritos gregos do século quarto que passou a ser designado como NESTLE ou Westcott e Hort.




Apesar dos reformadores protestantes terem trabalhado em cima dos manuscritos Receptus isso não desclassifica a importância dos textos NESTLE, pois estes últimos por serem mais antigos, são com certeza mais fidedignos do que os textos posteriores, mas em linhas gerais não podemos esquecer que estas diferenças não são suficientes para por em dúvida a inspiração da Bíblia nem sua autenticidade.

MESTRES DO GREGO KOINÊ

WILLIAN CAREY TAYLOR




Na língua portuguesa alguns nomes despontaram como mestres, entre eles um dos mais destacados foi William Carey Taylor, autor da GRAMÁTICA GREGA, a qual tive oportunidade de estudar quando cursei a faculdade de teologia, esta gramática foi escrita na década de quarenta, fruto das pesquisas deste mestre da língua grega do Novo Testamento. Sendo esta muito usada nos seminários de teologia espalhados pelo Brasil.








LUIS SOUSA




Estudou grego clássico e o koinê na Universidade Federal doCeará, a princípio traduzia obras clássicas dos antigos gregos e depois teve contato com o grego do Novo Testamento, a qual o mesmo considerou infinitamente mais fácil e simples que o grego clássico. Luis Sousa recomenda que as pessoas que estudam o grego Koinê devem também estudar o grego clássico e a mitologia grega para ter uma rica visão da filologia deste idioma. Nunca devendo se descuidar no aprimoramento da língua materna